sábado, 1 de outubro de 2016

Morar sozinho

Morar sozinho já foi castigo ou sinal de fracasso social. Agora, tornou-se um prêmio para quem pode investir em si mesmo.




          Quando fecha a porta de sua casa, a arquiteta Camila Klein entra numa espécie de santuário. Liga o som, acende os abajures, deita-se para ler e, assim, recarrega devagar as baterias. Ela tem 32 anos e mora sozinha desde que deixou a família em São Sebastião do Caí, no interior do Rio Grande do Sul, para tentar carreira em São Paulo, seis anos atrás. Por alguns meses, chegou a compartilhar um apartamento com uma amiga e, depois, com o marido. Durou pouco. Hoje, está divorciada, é dona de um escritório com 20 funcionários e diz que, morando sozinha, aprendeu a olhar para dentro e a entender seus sentimentos, necessidades e propósitos. “Hoje, cuido mais de mim, reflito sobre o que me faz bem e seleciono melhor as pessoas com quem quero conviver”, diz Camila. Essa pausa solitária – uma espécie de contraponto à rotina estressante e hipersocial da vida urbana – é um dos motivos que têm levado milhões de pessoas, no mundo inteiro, a optar por viver sós. Ao contrário do estigma do passado, que associava isso a alguma espécie de incapacidade social, agora se trata de uma escolha soberana, determinada por desejos ou por circunstâncias que se tornam cada vez mais comuns. Viver em sua própria casa sem a presença compulsória dos outros converteu-se numa espécie de prêmio à individualidade que apenas alguns podem se dar, mas muitos almejam. “Morar sozinho, livre das demandas dos outros, permite dar mais atenção a si mesmo, fazer o que quer, na hora e do jeito que achar melhor”, afirma Eric Klinenberg, professor de sociologia da Universidade Nova York. “É um estilo de vida que nos ajuda a descobrir mais sobre nós mesmos e a apreciar o prazer de uma boa companhia. Paradoxalmente, morar sozinho pode ser exatamente do que uma pessoa precisa para se conectar consigo mesma e com os outros”. Klinenberg investigou as motivações dos adultos que vivem sozinhos em diferentes países – foram 300 entrevistas, com pessoas de idades e classes sociais diferentes. Com base nisso e numa revisão da literatura acadêmica sobre o assunto, escreveu o livro Going solo: the extraordinary rise and surprising appeal of living alone (Editora Penguin), ainda inédito no Brasil. O título aproximado em português seria Vida solo: o extraordinário  crescimento e o apelo surpreendente de viver só. Em entrevista a ÉPOCA, Klinenberg disse que as pessoas estão encontrando equilíbrio e felicidade na solidão e isso representa uma transformação radical em relação ao passado. Nas sociedades modernas, diz ele, o culto ao individualismo encoraja as pessoas a morar sozinhas, e a riqueza econômica torna possível essa experiência – algo que outros profissionais já perceberam, inclusive no Brasil. “Morar sozinho é sinal de status, não uma declaração de rejeição”, afirma Sérgio Lage Carvalho, sociólogo da Universidade de São Paulo, autor de uma tese sobre solidão e modernidade. Ana Bock, professora de psicologia social da PUC de São Paulo, também registrou a mudança. “Agora, as pessoas que vivem sozinhas são vistas como bem-sucedidas, responsáveis e descoladas”, diz ela. 
                                                                                                                             (Fonte: Revista ÉPOCA)


Solidão pode causar mais males à saúde do que obesidade e tabagismo

           RIO - A solidão, aquela sensação ruim de ser incompreendido, de não poder contar com ninguém, de estar sozinho no mundo, pode causar mais males à saúde do que a obesidade e o tabagismo, tradicionalmente ligados a problemas cardíacos e cânceres, entre diversos outros problemas. Mas, enquanto os dois últimos são fatores de risco muito bem estabelecidos do ponto de vista médico e aceitos pela sociedade, o isolamento social raramente é analisado, num contexto mais amplo, como potencial detonador de doenças.                                        (Fonte: www.oglobo.com)



Redação 5 – Morar sozinho - Um jornal de grande circulação está preparando uma edição especial sobre tendências contemporâneas de comportamento. Como colunista desse jornal, você ficou responsável por escrever um artigo de opinião sobre o fenômeno morar sozinho. No seu artigo, discuta as visões apresentadas nos textos “Morar sozinho” e “Solidão pode causar mais males à saúde do que obesidade e tabagismo”, exponha o seu ponto de vista e aponte as possíveis consequências do fenômeno morar sozinho para a vida em sociedade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário